Às treze horas e quarenta e três minutos do passado sábado, dia 3 de março, o autor desta crónica recebeu um telefonema do atleta Romeu Violante advertindo-o que, na impossibilidade de marcar presença na Sede dos Veteranos do Ginásio à hora da convocatória do jogo contra os Veteranos da Casa do Benfica da Batalha, e não obstante a forte constipação que o assolava nessa data, era garantido que se juntaria mais tarde ao grupo no campo de futebol sintético 5 de outubro em Alfeizerão, isto depois de admitir que iria proceder à ingestão oral de um comprimido contra a malfadada maleita e deixando também a promessa de resolver o jogo. A isto o autor desta crónica deu a sua total permissão tendo aconselhado o referido atleta a recorrer antes à absorção anal de um supositório beneficiando assim das naturais vantagens dessa opção, proposta que o jogador acolheu com extrema anuência e evidente euforia prometendo que não só iria procurar de imediato o maior exemplar que pudesse encontrar em casa como inseri-lo da forma mais lenta e delicada possível.
Naturalmente, tal gesto acabaria por produzir resultados óbvios, pois às dezassete horas e sete minutos, Romeu Violante cumpriria a promessa feita por telefone culminando a reviravolta no marcador com um remate à entrada da pequena área e dando a melhor sequência ao passe atrasado de Hélio Aurélio nascido de um canto curto marcado em articulação com João Coelho. Estávamos já no início da segunda parte e após uma primeira metade que valera essencialmente por alguns episódios de monta que vale a pena sublinhar; a começar pela conduta imprópria e lamentável de Enderson Domingos que entrou em campo plagiando descaradamente (assim seguindo os piores exemplos dos candidatos da Eurovisão ou do Tony Carreira) o estilo típico de jogo de Pedro Fróis na sua reconhecida e original abordagem física aos adversários, e a terminar na postura cínica e infantil de um jogador contrário que em represália aos contínuos plágios deste nosso central ameaçou abandonar o campo, tendo não só permanecido até ao fim do tempo regulamentar (felizmente para nós, vejam no parágrafo seguinte porquê) como ainda ficou para jantar.
Nem tudo foi mau, porque tivemos igualmente os golos. Um para cada lado. O primeiro para a equipa vinda da Batalha que, através de um potente e colocado remate vindo de fora da área, a aproveitar o vento forte que se fazia sentir, teve a felicidade de encontrar entre os postes o nosso guardião Carlos Correia, não apenas sem luvas (e aqui só nos apraz dizer que um guarda-redes esquecer-se das luvas para um jogo de futebol é o mesmo que um ciclista esquecer-se da bicicleta para uma corrida), mas igualmente sem a altura adequada para enfrentar o arco desenhado pelo esférico. O segundo para os ginasistas numa bela jogada de entendimento entre David Mariano e Maurício Marques, com este a responder com uma excelente diagonal ao passe bem medido daquele, o que lhe permitiu isolar-se frente ao guarda-redes batalhense e concluir facilmente. O terceiro graças a uma grande penalidade ingenuamente cometida pelo tal jogador que antes ameaçara ir embora (ficando provado o muito que tinha a dar ao jogo) e que o autor desta crónica tratou de concretizar redimindo-se da tenebrosa e perdulária exibição antecendente.
Não queríamos, no entanto, encerrar esta crónica sem dedicar umas palavritas ao nosso tesoureiro Jorge Carmo que, face ao queixume expresso de raramente ser referido nestes textos (o que muito francamente só nos ocorre justificar talvez por notória falta de qualidade futebolística ou devido à pobre contribuição tática que tem dado às nossas partidas, afinal de contas não devemos confundir futebol com balanços de contas ou cobrança de quotas), conseguiu, apesar de tudo, criar o seu próprio protagonismo nestas linhas presenteando-nos com o seu melhor lance do dia quando resolveu cortar na ocasião do discurso final, e como nunca o vimos fazer em campo, a última palavra ao representante do grupo dos Veteranos da Casa do Benfica da Batalha naquela que terá sido porventura uma das mais loquazes e eloquentes rasteiras que vimos na história dos convívios entre veteranos. À malta da Batalha, as nossas mais sinceras desculpas, pois ele não sabe o que faz.
Marcadores: Maurício Marques, Romeu Violante e David Mariano (g.p.)