Veteranos do A.C. Marinhense Vs. Veteranos do Ginásio: 2 – 3

Veteranos do A.C. Marinhense Vs. Veteranos do Ginásio: 2 – 3

17 Novembro, 2017

Não foi o Mestre Yoda quem disse: “faz ou não faças, não há tentativa”? Não foi também o mesmo pequenote enrugado quem afirmou: “tens de desaprender o que aprendeste”? Ou ainda: “Paciência, tu deves ter”. Sim, foi, e até recorremos a uma das inúmeras páginas de citações da saga Star Wars que proliferam aí pela internet para confirmar a devida autoria. Mais: quem pensar que o autor desta crónica é um fã incorrigível da obra criada por George Lucas e que, lá por lhe ter faltado inspiração no momento de abrir o texto, decidiu ir buscar as suas íntimas obsessões cinéfilas, asseguramos-lhe que está absolutamente certo. Já quem julgar que isto tem algo a ver com 22 gajos cheios de reumático e artroses a correr atrás de uma bola está completamente errado. Contudo, a vida não é só futebol e às vezes precisamos, em momentos de crise existencial (não foi esta uma das expressões que usámos na crónica anterior, caros ginasistas, depois de três derrotas humilhantes?), daquela espécie de colinho quentinho e espiritual que só um cavaleiro jedi minorca nos pode dar.

Isto porque – e vamos ao que interessa – é caso para escrever que a Força voltou ao seu lugar, pois a realidade é que saímos muito felizes e contentes da Coucinheira (sim, há uma localidade com este nome no meio do Pinhal de Leiria e que até tem um campo sintético) depois de voltarmos a provar o sabor doce da vitória; desta vez contra os Veteranos do A.C. Marinhense (que nunca foram historicamente adversários fáceis e novamente o confirmaram), num jogo épico decorrido, finda a tarde e toda e qualquer luz do dia, com o auxílio de um trio de lâmpadas raquíticas de 40 watts cada. Há coisas, no entanto, que nunca mudam, tal como o Rui Alexandre pedir para abandonar ao fim de 10 minutos de jogo devido a uma recaída da lesão neurológica adquirida na partida anterior ou o Maurício Marques sair tristonho para o balneário durante o intervalo – são daquelas verdades cómodas e universais que tanto mantêm o planeta Terra a girar sobre o seu eixo no meio do Cosmos infinito como nos permitem o eterno conforto de prosseguir com a nossa vidinha quotidiana.

Certo é que os avançados azuis tornaram a entrar com a sua habitual queda para falharem golos feitos – e não estaremos a exagerar se tivermos contado uma boa dezena de oportunidades desperdiçadas só na primeira meia-hora. Ora, ao 11.º remate o David Mariano acertou (e acertou é aqui um eufemismo: na realidade a bola ressaltou-lhe na canela na sequência de uma assistência do Hélio Aurélio) o que possibilitou chegarmos ao fim da primeira parte a perder pela margem mínima. Mas a segunda parte, ah, a segunda parte, essa trouxe-nos um autêntico raio fulminante chamado Gonçalo Ferreira que logo no primeiro minuto, em função de um sprint que envergonharia o Usain Bolt ou o Cristiano Ronaldo na sua fase pré-Irina Shayk (há quem diga que terá feito 50 metros em 3,4 segundos, vamos acreditar), teve a desfaçatez de roubar a bola à defesa contrária e devolve-la de novo ao David Mariano que finalmente conseguiu articular na perfeição os membros inferiores e colocá-la no fundo das redes.

Deste golpe, os jogadores da Marinha Grande pareceram nunca mais recuperar, da mesma maneira que nunca foram capazes de ultrapassar essa enorme barreira chamada Mário Barreiro que tornou as nossas redes invioláveis toda a segunda metade do jogo (Carlos Correia põe-te a pau, este guardião tem vindo a crescer) graças a um excelente punhado de defesas em voos planados lindamente desenhados – consta que nem os mísseis da Coreia do Norte têm atingido este tipo de altitudes ou curvas ascendentes. Perto do final, estava guardado o melhor: o golo que daria a reviravolta no marcador, resultado de uma bonita jogada de futebol e produto de um belo triângulo de passes iniciado pelo Hélio Aurélio que ao centrar para um incansável Sérgio Ventura (um jogador que correu o campo todo e até marcação cerrada fez a alguns pinheiros perto dali plantados) viu este por sua vez atrasar o esférico ao David Mariano (o rapaz estava inspirado, mais até do que no início desta crónica) dando-lhe um final feliz e justo no canto da baliza. Caso para dizer: a Força estava com ele. Obrigado, Mestre Yoda!

Marcador: David Mariano (3)