São inquietos os dias que se vivem por estes tempos no seio da nação veterana ginasista e a dúvida existencial começa a colocar-se: será esta apenas uma fase ou podemos assumir já hoje uma crise profunda depois de mais uma derrota por números claramente estapafúrdios frente à Velha Guarda de São Martinho de Porto naquele que foi o 289º derby entre estas duas equipas do concelho disputado numa tarde fria de sábado no sintético de Alfeizerão? Ou terá sido simplesmente o clima outonal – que parece finalmente ter chegado de vez – a afetar o sensível raciocínio dos nossos atletas e as suas delicadas articulações ósseas ainda mal refeitas de um dos verões mais quentes dos últimos anos? Podemos dizer que paira no ar já um certo aroma a chicotada psicológica ou estaremos a confundir isso com a recorrente flatulência de certos elementos do grupo instigadores de inodoros climas atmosféricos?
Talvez todos estes factores estejam a contribuir para o problema, talvez nenhum. De uma forma ou de outra, pedimos a quem souber as respostas a este tema que permaneça bem caladinho no seu canto, pois no fim não há nada que não se resolva com uma inédita posta de bacalhau e um original naco de carne de javali para apagar as frustrações daquela partida, tal como aconteceu na nossa 543ª passagem pelo restaurante O Cortiço. Porque o jogo, bom, o jogo até tinha começado bem: especialmente a partir da saída por lesão neurológica (e fazemos votos que se restabeleça após uns recomendáveis seis meses de tratamento) do Presidente-de-volta-ao-lugar-de-avançado Rui Alexandre (mas quem foi que teve a infeliz ideia?) que até aquele momento tinha violado todas as regras de acústica em campo e os níveis de decibéis admitidos por lei com os seus gritos de incitamento aos colegas, dirigidos em particular ao autor desta crónica que o acompanhou no ataque e desde aí regista um ligeiro zumbido nos ouvidos.
Mais: não só abrimos o marcador, após esse momento, num convicto golpe de cabeça, a responder ao 376ª centro tenso do Maurício-só-joga-o-primeiro-tempo, do sempre esclarecido Hélio Aurélio (ele que juntou à sua boa exibição pontuada por um par de tentos aquela típica ira acumulada de cão com raiva), como o nosso guardião Carlos Correia voltou a concretizar o milagre de sofrer apenas um golo durante toda a primeira parte – um facto tão mal aproveitado pela equipa como as oportunidades de golo desperdiçadas pelos avançados. Aliás, voltando à célebre máxima, podemos mesmo escrever que se o Mário Barreiro não tivesse vindo ao jogo tínhamos ganho por 2 – 1. Mas a realidade é que perdemos por 4 – 2 e nem mais uma furiosa concretização do Hélio Aurélio, tão encantadora quanto inútil (assim a modos que a esfregar no focinho dos avançados como se deve fazer face ao guarda-redes), ajudou a dissipar as nossas amarguras.
Marcador: Hélio Aurélio (2)