O autor desta crónica sabe que tem havido factos bem mais relevantes durante os últimos tempos do que por exemplo a mais recente partida dos Veteranos do Ginásio frente ao C.A. Mirandense decorrida há pouco menos de duas semanas. Assim de repente, poderia enunciar uns quantos: o majestoso pontapé de bicicleta de Cristiano Ronaldo frente à Juventus, o indignado e sempre ponderado post de Bruno de Carvalho após a derrota do Sporting C.P. com o Atlético de Madrid, a honestíssima confissão da estrela porno Stormy Daniels admitindo ter dormido com o Presidente Donald Trump (dêem uma olhada aos vídeos da artista que vale a pena) e, sem dúvida o mais importante de todos, a milagrosa ascensão do Glorioso ao primeiro lugar da Liga. Mas por favor, permitam-nos integrar na categoria destes eventos também a nossa vitória frente à equipa de Miranda do Corvo. Em primeiro lugar, e começando precisamente onde começámos a anterior crónica, referindo que foi a mais recente vitória de uma série, agora, de quatro. Inacreditável, não concordam? Em segundo lugar… bom, desculpem lá, mas aqui não vamos fazer aquela piada óbvia de citar a PJ porque isso seria empurrar o F.C. Porto para o terceiro posto e expulsar o Sporting C.P. do pódio e nós não somos assim tão cruéis. Portanto, em segundo lugar, a realidade é que a nossa viagem até à capital da Chanfana até teve episódios, digamos, deliciosamente cómicos e caricatos.
Contudo, antes disso permitam-nos ainda relembrar um par de pormenores estatísticos que naturalmente não contribuíram nada para o resultado: este foi não só o segundo jogo em que o nosso guardião Carlos Correia voltou a não sofrer golos como o segundo jogo em que o avançado Rui Alexandre tornou a não entrar em campo devido a lesão. Eu sei, eu sei o que estão a pensar: ah, foi por isso que eles conseguiram ganhar. Não se iludam, estes dois jogadores não têm assim tanta influência na equipa. A sério, acreditem no que vos digo. Mas vamos ao que importa: o que aconteceu afinal de tão determinante nesse dia? A mais original situação de todas foi dar com o estádio para onde estava marcado o embate, pois sendo nós aquele grupo que se preocupa sempre em conhecer a localização concreta e as coordenadas exatas do campo forasteiro, naturalmente foi muito fácil dar com este ao fim de uma dúzia de voltas à cidade. Outra situação gira – vamos elegê-la como o momento “constrangedor” da tarde – foi um senhor entrar-nos pelo balneário dentro a questionar-nos se tinha “cara de c***lho”? Tudo no rosto dele evidenciava que sim, mas como aprendemos cedo nesta existência, há verdades que não podemos admitir por mais evidentes que sejam. Percebemos depois que o senhor era afinal das Caldas da Rainha. E suspirámos de alívio. Até que nos confessou que ia ser ele o árbitro. E aí voltámos a entrar silenciosamente em pânico.
Mas vamos então ao confronto: a primeira parte foi pastosa e desinteressante, infelizmente marcada nos primeiros minutos pelo golo oferecido de bandeja aos da casa (quase, quase ao nível da generosidade e altruísmo de um Coates) e pelo triste desacerto dos avançados com algumas boas oportunidades desperdiçadas frente à baliza que mereciam melhor afinação e mais justiça teriam dado ao marcador antes do intervalo. O melhor veio na segunda metade, e não estamos a falar do golo do David Mariano que se limitou a encostar para as redes após assistência de Sérgio Ventura. Estamos a falar sim do protesto do central a quem este ganhou (limpinho) o esférico e que ao reclamar uma falta inexistente resolveu concentrar toda a sua raiva no juiz e abandonar o recinto brindando-o não apenas com sinceros impropérios – tendo por objeto a progenitora – mas espetando-lhe igualmente pela respetiva “cara de c***lho” abaixo a própria camisola do clube, mais mal amanhada na cabeça que um preservativo desenfiado no membro de um adolescente imberbe e cheio de acne na hora de matar a virgindade. Foi, vamos elegê-lo deste modo, o momento “what the fuck!?” da tarde, e do qual os visitados nunca mais se recompuseram, piorado pela reviravolta consumada de novo pelo Sérgio Ventura a fuzilar na cara do guarda-redes, depois de um ressalto à entrada da área, e por um notável cabeceamento de Hélio Aurélio em resposta a um sublime, genial, deslumbrante (e são poucos os termos capazes de o adjetivar) centro do João Coelho vindo da direita do ataque. A terminar, foi, e vamos elegê-lo assim, o momento “wow” da tarde!
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