Não se pode dizer que não tenha sido uma semana de emoções fortes: os efeitos da tempestade Ana, o escândalo da Raríssimas, o coração novo do Salvador Sobral, a estreia do mais recente episódio da saga Star Wars. Mas antes de tudo isto deu-se o acontecimento mais importante: o nosso jogo com os Veteranos do Carvide disputado no Parque de Jogos de Monte Real. Como descrever com justeza este encontro? Bom, não vamos fazer isso, pois qualquer descrição fiel sobre o que se passou naquele sintético poderia provocar no leitor a mais profunda depressão psíquica e nefastos instintos suicidas. Vamos mascarar a coisa e tentar, sei lá, ser tão cínicos como o demissionário Secretário de Estado da Saúde ao responder às perguntas da repórter da TVI. Sujeitemo-nos, então, somente aos números. Uma partida onde houve duas partes distintas: a parte em que sofremos dois golos e marcámos outros dois e a parte em que sofremos dois golos e não marcámos nenhum. A matemática pode ser muito cruel: 2 + 2 = 4 para os de Carvide, 2 + 0 = 2 para os de Alcobaça. Simples.
Obviamente, já todos percebemos aqui chegados quem foi o nosso guarda-redes durante a segunda metade do jogo e se estão a pensar no Carlos Correia acertaram em cheio. Contudo, permitam-nos supreender-vos: o “Chefe” não teve culpa nenhuma e foi sem dúvida o melhor jogador em campo. Estamos a escolher bem as palavras: o melhor em campo. E acrescentamos: ele fez mesmo defesas brutais e momentos houve em que a genialidade e a elasticidade física pareceram imperar naquele corpo. Infelizmente, a equipa não esteve à sua altura. Aliás, temos dúvidas até de que tenha havido uma equipa vestida de azul e de emblema ginasista ao peito a entrar em campo depois do intervalo. Porque se antes dessa pausa a exibição se pode apelidar, vamos tentar ser gentis, de péssima, após o descanso parecíamos todos aquele urso polar raquítico e subnutrido do vídeo da National Geographic que andou por aí a comover todo o mundo – e vamos parar por aqui para evitarmos que nos caia uma lágrima envergonhada; não por causa da memória do ursinho, mas por causa de nós.
Em suma, a segunda parte foi isto: um vazio maior que o penálti cavado pelo avançado-adaptado-a-central Rui Alexandre nos primeiros minutos a dar vantagem aos adversários a par de mais um golo invariavelmente nascido das inúmeras ofertas com que íamos presenteando os avançados contrários (nem queremos imaginar o que teria sido se os oponentes tivessem sido eficazes). Neste contexto, será que vale a pena falar do nossos golos? Vamos fazer um esforço perfeitamente involuntário, à imagem do passe feito pelo Pedro Fróis para o autor desta crónica cuja desmarcação acabou por assustar a dupla de centrais e o guardião opositores permitindo ao esférico aninhar-se no fundo da baliza sem que ninguém lhe tocasse, e responder que sim. E pronto, assim descrevemos o primeiro golo do nosso médio esta época. Já o segundo golo foi parecido, com a diferença que desta vez o David Mariano conseguiu dominar a bola, fintar o guarda-redes e rematar para as malhas vazias, dando-lhe melhor destino que o par de remates que até aí havia apontado aos postes. A partir daí foi o que se sabe: uma nave espacial chegou do espaço e raptou os atletas azuis para parte incerta.
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