Há dias em que não se pode sair de casa. Que o diga a antiga Ministra da Administração Interna. É também o que podemos dizer do resultado do nosso jogo de passado sábado com os Veteranos do Beira-Mar. Obviamente, não estávamos à espera de uma equipa qualquer. Obviamente, sabíamos das dificuldades contra este histórico do futebol português pejado de figuras que passaram pelos mais altos escalões de competição. E obviamente, estávamos tão avisados para o valor da equipa adversária como a Autoridade de Proteção Civil estava para o excesso de calor e a falta de humidade ou os ventos ciclópicos originados pela passagem do furacão Ophelia.
E porque uma derrota de 2 – 7 em casa no campo sintético de Alfeizerão (talvez um dia seja melhor também mudarmos a nossa Sede para esta localidade já que o Estádio Municipal de Alcobaça parece ter decretado interdição aos sócios e atletas da nossa instituição) merece uma sincera reflexão de todos para a reforma e prevenção de futuros desastres desportivos – se pensarmos bem deflagrou ali também um incêndio de consequências devastadoras para o nosso orgulho de jogadores – aqui deixamos o nosso sincero manifesto de ‘mea culpa’.
A começar pelo autor desta crónica que, se há noites em que o seu corpo estremece julgando em sonhos estar a viver noites de glória na Catedral da Luz, rapidamente naquela tarde bateu com o nariz no muro da realidade em função da série de golos falhados frente à baliza, comportamento em que esteve muito bem acompanhado pelo colega de ataque Rúben Silva. Pois é, amigo Rúben, temos de ser humildes e empáticos com a nossa massa associativa e pedir desculpa, não porque queiram que peçamos desculpa, ao contrário do demonstrado pelo Primeiro-Ministro, mas com genuína franqueza, à imagem do miúdo Svilar que teve mais pontaria para a baliza do que nós.
Uma pontaria que, caso tivesse dado resultados na primeira parte provavelmente nos teria dado um avanço de três ou quatro golos sem qualquer ponta de exagero ou imodéstia, mas que na verdade nos fez chegar ao intervalo com um golo de desvantagem fruto de um auto-golo do Presidente-adaptado-a-central Rui Alexandre a deixar no ar um claro sentimento de injustiça. Poderíamos usar ainda aquela célebre fórmula celebrizada pelo mesmo jogador atrás referido: “se o Rui Alexandre não tivesse vindo ao jogo tínhamos chegado ao intervalo com o marcador empatado a zero” – contudo uma moção de censura neste momento do campeonato talvez fosse demasiado.
Ora, a juntar a tudo isto, veio a segunda parte e com esta o descalabro, a começar logo nos primeiros minutos pela lesão do nosso querido Tesoureiro Jorge Carmo que, num solitário clima de profunda animosidade com o esférico recebeu deste a lição de uma vida (ou por outras palavras, uma entorse) e pela exibição do não menos querido Carlos Correia que, ao contrário de todos os alertas lançados pela população, resolveu ignorar os conselhos genuinamente oferecidos durante a semana e jogar sem o chapéu de camionista da partida anterior. Ficámos ali a perceber, da pior maneira, que abandonar o uso deste valioso artefacto está para o “Chefe” como a Kryptonite está para o Super-Homem. Já os nossos dois golos de honra apontados chegaram tão a tempo como a chuva na noite de segunda-feira ou os Canadair pedidos a Itália. A tragédia estava consumada.
Marcadores: David Mariano e Rúben Silva